13 abril 2006

CABIDELA BULCANICA

(A CULPA É DOS 3 MUSTAPHA 3)

Na ressaca do hype crescente do Bucovina Club, do projecto discográfico e noites dedicadas em Frankfurt pelo nosso velho conhecido Shantel, e outras aventuras musicais tão abrangentes e diversas como o encontro das Vozes Búlgaras do Ensemble Pirin com Ray Lema e Professor Stefanov; dos 3 Mustapha 3, Ivo Papasov, Vartina, Hedningarna, Klezmatics, Solomon and So-Called, ou o incontornável Kusturica, filmes, bandas sonoras e Non-Smoking Band...

...eis que dois israelitas, Ori Kaplan e Tamir Muskrat, radicados há 10 anos no underground nova-iorquino — e que entre outras coisas menos kosher colaboraram com os Gogol Bordello e Firewater―, ouviram tudo o que acima citámos, certamente, e resolveram partir do imaginário e do acervo da música bâlcanica, ou bulcanica, em ambiente de pista de dança tipo club, e testar as possibilidades de cruzamento/entroncamento de influências de música klezmer, reggae/ragga (é verdade, aquele tipo Matis-qualquer coisa vem daqui....),música africana, marroquina, arábica, rock, flamengo (com direito a pisa tradicional de rosas...), hip-hop, electrónica, punk, utensílios de cozinha, samples de heavy metal francês, etc. O resultado é o projecto Balkan Beat Box e respectivo álbum de estreia com o mesmo nome. Começa bem e desenvolve-se melhor, demonstrando poder de fogo na captação dos impulsos físicos mais primários, para depois crescer por vias mais ou menos experimentalistas capazes de espicaçar teorias da conspiração estrambólicas (e o termo é pertinente e elucidativo) e estabelecer laços de cumplicidade pela via da partilha de segredos bem guardados, seja o da receita da cabidela de galinha num kibbutz ou o a melhor utilização do exacto do caiaque como veículo urbano (ver filme incluso algures no CD, pelo menos no meu). A capa não mente.
Uma caixa de ritmos, de música, de pandora, que, segundo contam, ao vivo, ganha uma dimensão de hedonismo bacante com vjs, DJ, corpo de baile, burlesco, e surpresa, o género luz e cor, watts de som, mas em bom, quer-nos parecer. E provavelmente, no dia seguinte, acorda-se com a memória em branco e o corpo dorido.

PS- Os discos de BBB e AKB podem ser encontrados em discotecas de qualidade. Se por acaso não conhecerem nenhuma, visitem a Symbiose e lá estarão à vossa espera (e se não estão, deviam estar...julgo eu...)

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