20 abril 2006


Venho em defesa de todos os restaurantes deste país que têm nas suas ementas pratos como Bife aux champignons, Bacalhau aux molho de natas e Omelete aux queijo e fiambre.

17 abril 2006

QUENTES E BOAS...


...Histórias da vida real em A4

Vão ver e comentem!

No sítio do costume!

E não se esqueçam dos arquivos!

E ILUSTRADORES DO MUNDO, PRECISAM-SE!

OLHÓ TRÁFICO DE INFLUÊNCIAS!

Não sabia que o Leonel era o K


É a cultura, estúpido! Li o Pêndulo do Eco e gostei da onda. Com a Quinta da Regalheira, mães de santo, templários e uma tensão noir. Segui com o Balduino e já achei que a coisa não aquecia nem arrefecia. (e tenho a Ilha e o Nome da Rosa em stand by...). O que eu não sabia é que o Nome da Rosa era anterior ao Dan Brown e ao Paulo Coelho! Ainda por cima o tipo anda praí a pastichar. Imaginem se simultaneamente pastilhasse... (E já agora, recomendo o estudo à la George (parece que está na moda), de Lobsang Rampa e Carlos Castañeda, e uma consulta no Professor Caramba.)
É bom aprofundar, depurar e atingir o zen pilo ou neuro erectil com a arte, mas é igualmente bom "enjoiar" (há dúvidas em relação a este neologismo anglófono, apreciarei a vossa opinião Sim ou Não?), os guilty pleasures idiossincráticos ou simplesmente assumir Gosto! e pronto (ou prontos, se forem jogadores de futebol ou estiverem para aí virados). O intectualmente correcto é uma seca. Sobretudo quando o achamos mesmo uma seca. Porque também pode ser eufórico, etc. Mas é curioso apreciar as vagas do intectualmente correcto,normalmente a reboque das ondas que chegam do estrangeiro, e que tantas vezes é uma espécie de Morangos com Açucar 8provavelmente com adoçante) da "inteligentsia". Só a distância do tempo permite uma avaliação mais concreta, aturada, e quasi-definitiva das obras e dos seus criadores. Claro que é para isso que existe a crítica especializada, e quejandos, mas essa também se engana, retrata e, pensando bem, é uma espécie de fast food ao serviço do mercantilismo cultural. Directa ou indirecta, consciente ou inconscientemente. Isto no fundo resume-se, tenho para mim, á eterna questão do DIP (discovery in progress, que é como quem diz, em português, ir molhando o pãozinho) e na partilha do gosto, tentando cativar os outros para aquilo de que gostamos e sendo, pelo caminho, igualmente cativados, ou não. Yhá, a provocação. E a eterna dúvida.
O Nome da Rosa é bom ou não? Se era bom quando o li será igualmente bom quando o reler? Será que o vou reler, que merece ser relido? Enfim... Se tivermos em conta a longevidade dos livros e a quase intemporalidade dos clássicos, e o estado de maturação/evolução/preversão/perturbação/interpretação (isto quase parece o festival da canção) da vida de cada um, então perceberemos melhor, quiça, e com a devida distância, a lógica do "só sei que nada sei". Quantas vezes o tempo não resgata ou enterra as obras?
Resumindo, por enquanto, não há nada como apreciar o momento, a ignorância e a certeza apaixonada do momento. Desde que seja genuíno, é defensável. Que o diga o esquilo da idade do gelo ou o coiote do Beep Beep, há coisas mais importantes na vida, não nos levemos demasiado a sério, há mar e mar há ir e voltar!

16 abril 2006

MEA CULPA


Fiquei algo perturbado com a leitura da crónica da Clara Ferreira Alves na última Única (!) do jornal Expresso. Intitula-se “A morte do romance” e diz assim: “Este é o tempo imperial de Dan Brown e de Paulo Coelho, que sempre coexistiram com os romancistas e nunca foram com eles confundidos. E Umberto Eco, outro mistificador, insistiu em pastichar(*) uns e outros e fundi-los em O Nome da Rosa, embrulhado em erudição e medievalismo”. (*) pastichar significa imitar, para quem não conhecia o termo, como eu. São mais que comuns os ataques ao Dan Brown e ao Paulo Coelho e obviamente isto até já foi motivo de conversa na tertúlia por várias vezes, com muitos de nós a confessar que já lemos livros de uns e outros (Margarida Rebelo Pinto, que não é uma mistificadora porque... sei lá... incluída). Eu nunca li Paulo Coelho. Teria lido certamente, no meu fim de adolescência, se uma amiga não me tivesse bombardeado com cartas durante umas férias de Verão contendo umas frases místicas que eu até achava interessantes, como “o universo conspira pela tua felicidade” e coisas do género. Eram simpáticas e tinham uma dose qb de poesia. A coisa ficou mais estranha quando ela começou a utilizar expressões que eu não conhecia como Maktub e foi assim que eu descobri o plágio e considerei que já tinha lido tudo o que me interessava de Paulo Coelho sem nunca ter pegado num livro dele. De Dan Brown, que eu achava que era uma mulher (será que Danielle Steele, afinal, também é um homem?), li há dois anos atrás O Código de Da Vinci, que me foi oferecido como prenda de aniversário. Li-o durante umas férias de Verão e guardo-o na minha prateleira sem capa nem as primeiras folhas e com a lombada mastigada pelo meu cão. Li-o e até gostei. Não gostei propriamente do livro, mas gostei de o ler. Entreteve-me e divertiu-me. Naquela altura achei que a... perdão... o Dan Brown era um fulano com excelente imaginação para ter criado aquela fábula intrincada quase tão extraordinária como a própria ressurreição de Cristo, que hoje se comemora. No entanto, depois de uma pesquisa rápida, percebi que a única coisa que tinha algum interesse no livro nem sequer tinha sido criada por ele. Ao contrário do Paulo Coelho, este eu li verdadeiramente uma vez, até gostei, mas não tornarei a repetir. Agora, o me perturbou mais na crónica da CFA, foi ver o Umberto Eco incluído no mesmo grupo que os outros dois. Para mim, aqui a coisa complica-se. Eu comecei por ler A Ilha do Dia Antes, no final da minha adolescência (lá está, uma altura em que se cometem muitas asneiras) e gostei bastante. E, pior!, li depois O Nome da Rosa e tornei a gostar. E, como se não bastasse, ainda comprei O Pêndulo de Foucault e comecei a lê-lo duas vezes. Da primeira vez não o terminei e da segunda já nem me lembro, o que pode constituir um argumento a meu favor. Mas, analisando a minha situação e a crónica da CFA, devo concluir que nunca chegarei a pertencer a uma elite intelectual. E, agora que me analiso, recordo aquele fim-de-tarde na esplanada da cinemateca, frustrados por não termos conseguido bilhetes para um documentário sobre o Pasolini e folheando guias culturais à procura de alternativas à altura. A minha sugestão recaíu sobre A Idade do Gelo de Chris Wedge! “What have I done?” Se isto fosse um thriller americano, daqui a pouco, quando abrisse o livro O Primeiro Homem de Albert Camus, com as mãos trémulas e aspergindo suor, iria descobrir, por detrás daquela discreta capa falsa, uma outra com uma qualquer cor fluorescente e um título banal assinada pela Magarida Rebelo Pinto.