29 março 2006

Jah! A seguir... (A firma Perera)



JAHCOOZI


Enquanto 9 em cada 10 editoras portuguesas continuam a ruminar os motivos da descida das vendas do fonograma e atascadas no comodismo, indiferença, incompetência, autismo, amiguismo, ignorância e mau gosto em geral dos seus activos, há que ir lá fora e fazer pela vida.
É cada vez mais impressionante a quantidade de bandas, artistas, discos (em qualquer formato) que não são objecto de edição ou distribuição nacional. Ou então quando por um acaso esta acontece é subalternizada, atrasada e maltratada. É assim há muitos anos mas felizmente a internet deixa-nos o mundo, também da música, há distância da torção de qualquer falange.
Posto isto, encontrámos os Jahcoozi, e o EP "Black Barbie", na editora Kitty-Yo (que até é uma editora com algum nome e "fashionability"...), e a primeira prova documental da colocação de Jah numa solução efervescente em pré-ebulição de vários imaginários musicais. Nada como citar, no original, as suculentas descrições disponíveis. A saber, os Jahcoozi praticam uma espécie de:
Blip Hop, Ragga-Tech, punky RnB, Click Pop Illectronica, Intelligent Dancehall Trip Music. avantglitchpop.
Será algures por aqui, o resultado encontro possível entre MIA, Spectrum e os melhores Massive Attack, entre outras coisas. Não é nada dispiciendo, antes pelo contrário, também ficar a saber que o trio Jah foi adoptado por Stereotyp e pela grande família da Germaica.
Os Jahcoozi são uma vocalista anglo-sri lankesa, com apelido Perera de ascendência portuguesa (dos tempos em que o Sri Lanka ainda era o Ceilão. E terá sido mais ou menos por esta altura que surgiu a expressão "tem falta de chá"), mais um beatmaker berlinense e um baixista de Tel Aviv.
Feita a aritmética geográfica temos uma mistura musical e referencial explosiva que nos chega finalmente aos ouvidos e cujo álbum de estreia, intitulado "Pure Breed Mongrel", foi editado o ano passado e já está encomendado via NET. Mas chegam estes três temas (um deles uma vertigem apunkalhada de um minuto e pouco) e remistura de Stereotyp que o EP Black Barbie ( e o título, claro...) nos oferece para que nunca mais os deixemos passar ao lado. Venham eles, os mestiços de raça pura, baralhar e voltar a baralhar para ver se isso dá algo de novo.

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